quinta-feira, 12 de novembro de 2009

aguar as flores

ah, mas eu queria que a chuva batesse em mim gotas, não coisas sujas e cheias de pó.
Queria alguém pra me regar sementes. e água batendo nas minhas folhas de jabuticabeira e orvalho em todo o meu corpo-fruta.

Fruta pão. Não. Cor de jabuticaba, frutas negras e reluzentes refletindo pequenos espelhos de orvalho. que eu colheria com as mãos firmes e explodiria a casca rija em minha boca.
polpa branca
escorrendo em meus lábios secos, doce-mel.
E eu me regojizaria com a natureza e a humanidade, que aprendeu a arte de colher jabuticabas.

Eu queria elas todas pra mim, da mesma árvore. e deixar as cascas no chão adubo, pra semente germinar mais algumas.

Me parece que há uma apenas jabuticabeira no mundo, mas é mentira. é que há só uma que se emcaixa em mim e faz meu coração pulsar e meus olhos brilharem.
E eu quero que os frutos dessa, e só dessa, sejam meus. por que eu sei que seus frutos cabem nas minhas mãos. e eu a plantei e vi crescer (mesmo que não tenha) na casa da minha madrinha.
porque aquelas não tem vespas. Ou melhor, se têm, eu as conheço. do vespeiro da minha jabuticabeira frondosa. da minha árvore. As vespas, que a têm, são minhas. Muito mais minhas, de mais ninguém.

as vespas me mordem com mais cuidado e com mais ardor e suas mordidas na minha lingua me causam duas vezes mais mal, porque me temem como se eu agisse tiranicamente. Mas eu as acolho, aceito sem combater. sem fumaça ou qualquer coisa que as confunda.
abro meus braços e digo "vespas, aqui!" e espero o ataque. e a dor que aceito com as lágrimas.

e depois elas morrem.

Minha jabuticabeira eu rego com o coração na mão em furos. como se fosse chuva vermelha a cair nas raízes.
e nascem nela minhas pequenas flores pó. pra desaguar.

Um comentário:

  1. Oi!

    Respondendo ao seu comentário lá no blog, tem o keygen, q obvio, eu não poderia postar XD

    Se quiser te mando por mail

    Bjs

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